o livro de rute

Lições Bíblicas CPAD Adultos – 3° Trimestre de 2024
Título: O Deus que Governa o Mundo e Cuida da Família – Os ensinamentos Divinos nos livros de Rute e Ester para a Nossa Geração
Comentarista: Silas Queiroz
Data: 14 de Julho de 2024


Lição 2: O livro de Rute

TEXTO ÁUREO

E sucedeu que, nos dias em que os juízes julgavam, houve uma fome na terra; pelo que um homem de Belém de Judá saiu a peregrinar nos campos de Moabe, ele, e sua mulher, e seus dois filhos.” (Rt 1.1).

VERDADE PRÁTICA

Servir a Deus não nos isenta de crises. Em qualquer circunstância, o segredo é permanecer fiel, confiando na providência divina.

LEITURA DIÁRIA

Segunda – Rt 1.1; 4.21,22O contexto do livro de Rute remete aos Juízes

Terça – Jz 1.7-19Um contexto de anarquia e infidelidade do povo hebreu

Quarta – Jz 2.7-13; 3.5-7Israel atraído à idolatria dos cananeus

Quinta – Sl 103.8; Jl 2.13; Rm 2.4Longanimidade e misericórdia de Deus

Sexta – Gn 49.10O cetro não se afastará da tribo de Judá

Sábado – Ef 2.11-16Boaz e Rute: o prenúncio da derrubada da parede de separação


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Rute 1.1-5

1 — E sucedeu que, nos dias em que os juízes julgavam, houve uma fome na terra; pelo que um homem de Belém de Judá saiu a peregrinar nos campos de Moabe, ele, e sua mulher, e seus dois filhos.

2 — E era o nome deste homem Elimeleque, e o nome de sua mulher, Noemi, e os nomes de seus dois filhos, Malom e Quiliom, efrateus, de Belém de Judá; e vieram aos campos de Moabe e ficaram ali.

3 — E morreu Elimeleque, marido de Noemi; e ficou ela com os seus dois filhos,

4 — os quais tomaram para si mulheres moabitas; e era o nome de uma Orfa, e o nome da outra, Rute; e ficaram ali quase dez anos.

5 — E morreram também ambos, Malom e Quiliom, ficando assim esta mulher desamparada dos seus dois filhos e de seu marido.


HINOS SUGERIDOS

33, 459 e 511 da Harpa Cristã.


PLANO DE AULA

1. INTRODUÇÃO

O Livro de Rute conta uma história muito bonita entre nora e sogra. Rute, a nora, amou singelamente a sua sogra, Noemi. Após o falecimento do esposo de Rute, filho de Noemi, esta orientou a sua nora a retornar à terra nativa, Moabe. Rute, a moabita, não concordou em deixar a sua sogra, de modo que a seguinte declaração mostra a profundidade do compromisso dela com a mãe de seu saudoso esposo: “O teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rt 1.16). Nesse contexto, contemplamos a maneira que Deus preserva a história de pessoas que permanecem fiéis apesar das circunstâncias. Por isso, nesta lição, temos o objetivo de apresentar um panorama do Livro de Rute e seus principais temas.

2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO

A) Objetivos da Lição: I) Fazer a análise da organização do Livro de Rute; II) Remontar o contexto histórico do Livro de Rute; III)Apresentar o propósito e a mensagem do Livro de Rute.

B) Motivação: A Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal traz um relato que serve de motivação para a aula desta semana: “Quando conhecemos Rute, ela é uma viúva sem perspectiva de vida. Acompanhamos sua união com o povo de Deus, a colheita no campo e o risco de sua honra na eira de Boaz. Finalmente a vemos tornar-se esposa dele. Um retrato de como chegamos a Cristo. Começamos sem esperança e somos estrangeiros rebeldes sem parte no reino de Deus. Então […] Deus nos salva, perdoa, reconstrói nossa vida. […] A redenção de Rute através de Boaz é um retrato da nossa remissão através de Cristo”.

C) Sugestão de Método: Para introduzir esta aula, apresente o esboço do Livro de Rute. Explique que o livro está estruturado nos seguintes pontos: 1) A Adversidade de Noemi (1.1-5); 2) Noemi e Rute (1.6-22); 3) Rute conhece Boaz no campo (2.1-23); 4) Rute vai até Boaz na eira (3.1-18); 5) Boaz se casa com Rute (4.1-13); 6) A bênção e realização de Noemi (4.14-17); 7) A história da família — de Perez a Davi (4.18). Você pode reproduzir esse esboço no datashow, na lousa ou até mesmo em cartolina. Pode também, por meio das Bíblias de Estudo Pentecostal ou Aplicação Pessoal, aprofundar a sua pesquisa e apresentar um quadro mais completo do livro aos alunos. O ponto aqui é que você esteja consciente da necessidade de apresentar a estrutura do livro por meio de esboço com o objetivo de sua classe compreender melhor o desenvolvimento da história sagrada de Rute.

3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO

A) Aplicação: O Livro de Rute nos apresenta um quadro grandioso de superação de uma mulher diante de uma situação desoladora. Com o livro aprendemos que não importa quão devastadora ou desafiadora possa ser a nossas circunstâncias, pois a nossa esperança está centrada em Deus que tem os recursos infinitos para nos disponibilizar.

4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR

A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 98, p.37, você encontrará um subsídio especial para esta lição.

B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que ajudarão aprofundar a reflexão sobre o tema. 1) O texto “Rute”, localizado depois do primeiro tópico, destaca o significado do seu nome e o propósito espiritual da obra; 2) O texto “Compromisso com a Aliança”, ao final do terceiro tópico, demonstra como os conceitos de aliança, concerto e fidelidade estão presentes no livro de Rute.


COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO

O livro de Rute se destaca não apenas por sua beleza literária, mas, principalmente, pela profundidade espiritual de sua mensagem. Fonte de inspiração para judeus e cristãos ao longo dos séculos, o livro narra uma história de amizade, amor e redenção. Uma extraordinária demonstração de como o Todo-Poderoso trabalha em meio às crises para cumprir seus desígnios eternos. Ele transforma tristeza em alegria, perdas em ganhos, derrotas em vitórias. Rute nos apresenta Jeová-Jireh, o Deus que provê (Gn 22.14).

Palavra-Chave:
PROVIDÊNCIA

I. A ORGANIZAÇÃO DO LIVRO

1. Na Bíblia Hebraica. O Livro de Rute pertence à terceira divisão ou seção da Tanakh, a Bíblia Hebraica, que é composta apenas dos livros do Antigo Testamento da Bíblia Cristã. Essa terceira seção é chamada Ketuvim ou Hagiógrafos (Escritos). A primeira seção é a Torá (Pentateuco) e a segunda é a Neviim (Profetas) (Lc 24.44). Dentre os Escritos, que são onze livros, estão os Megillot (cinco rolos), livros curtos lidos publicamente nas festas judaicas anuais: Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes e Ester. Em função de narrar fatos ocorridos durante a colheita, a leitura litúrgica de Rute era tradicionalmente feita durante o Shavu’ot (Pentecoste), a festa da colheita.

2. Na Bíblia Cristã. Enquanto a Bíblia Hebraica está dividida em três seções (Pentateuco, Profetas e Escritos), o Antigo Testamento da Bíblia Cristã é composto de quatro: Pentateuco, Poéticos, Históricos e Proféticos. Rute está categorizado como um livro histórico, por seu evidente gênero narrativo. Mas é identificado também por sua extraordinária beleza poética. Empregando estilo e linguagem próprios do hebraico clássico, o autor expõe aspectos subjetivos da vida dos personagens (Rt 1.12-21; 2.13,20; 3.1; 4.16). A obra está organizada em quatro capítulos, somando 85 versículos.

3. Autoria e data. Há uma diversidade de opiniões entre os eruditos acerca da autoria e data do Livro de Rute. Samuel é o autor mais provável. O Talmude, obra milenar de regulamentos e tradições judaicas, atribui a ele a autoria. A forma como o autor se refere a Jessé e Davi, parece indicar contemporaneidade e familiaridade com os personagens, o que também aponta para Samuel (Rt 4.17). Além disso, as características gerais da obra indicam uma atmosfera própria do início do período da monarquia de Israel. Sendo assim, o livro teria sido escrito no século X a.C.


SINOPSE I

Rute está categorizado como um livro histórico por causa do seu evidente gênero narrativo.

AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO

“RUTE

O livro de Rute traz o nome de uma das principais personagens do livro. Rute era viúva de Malom, nora de Noemi e, por fim, esposa de Boaz. A etimologia de seu nome não é clara, embora alguns tentem ligar o nome a ‘amizade’ (heb. re‘ut) ou a ‘associando-se com ou vendo’ (heb. ra’ah). Apesar de Rute ser mencionada (com frequência especificamente como ‘a moabita’) várias vezes nas páginas desse livro e mais uma vez na genealogia do Messias (Mt 1.5), é surpreendente que esse livro notável traga seu nome no título. Rute não era israelita; como moabita, era de uma nação que odiava Israel.

Alguns não consideram Rute a personagem principal do livro; contudo, os eventos do livro focam definitivamente na redenção ilustrada primeiro em sua rejeição dos deuses pagãos de Moabe a fim de se comprometer com Iavé, o Deus de Israel. A história continua através da união com Boaz, o parente remidor, pondo-a na genealogia do rei Davi — o maior rei de Israel. Ela, por intermédio de Davi, passou a fazer parte da linhagem de Jesus Cristo, o futuro ‘Filho de Davi’ que, por fim, redimiria seu povo. A graciosa redenção de Deus foi desvelada, e sua fiel providência e libertação foram reveladas na história de Rute. O livro traz seu nome ao longo das gerações, e sua história resolve sem sombra de dúvida a preocupação amorosa de Deus com as mulheres e seu compromisso absoluto de santificar o casamento e a proeminência da família” (Patterson, D. K., KELLEY, R. H. Comentário Bíblico da Mulher — Antigo Testamento. Volume I. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p.469).


II. O CONTEXTO HISTÓRICO

1. No tempo dos juízes. Não há uma data precisa para os fatos narrados em Rute. O que sabemos é que ocorreram três gerações antes de Davi, nos dias dos juízes (Rt 1.1; 4.21,22). Esse período (dos juízes) durou mais três séculos. Começou depois da morte de Josué (por volta de 1375 a.C.) e se estendeu até o início da monarquia de Israel, com a ascensão de Saul ao trono (1050 a.C.). Foi marcado por uma grande anarquia e uma profunda apostasia e infidelidade do povo hebreu (Jz 1.7-19). Uma frase que identifica bem aquela época sombria é: “cada qual fazia o que parecia direito aos seus olhos” (Jz 17.6). Sem uma sábia direção, o povo perece (Pv 11.14).

2. Secularismo, hedonismo e idolatria. Depois da morte de Josué e dos demais líderes de seu tempo, levantou-se uma geração que não tinha uma profunda comunhão com Deus e não conhecia o que Ele havia feito ao povo hebreu. Israel cedeu ao estilo de vida pecaminoso dos cananeus e foi atraído à adoração dos seus deuses (Jz 2.7-13; 3.5-7). Secularismo e hedonismo sempre levam a grandes tragédias morais e espirituais. O pervertido culto a Baal (o deus da chuva) e a Astarote (a deusa do sexo e da guerra) passou a ser praticado pela nação hebreia, em um degradante nível de imoralidade e idolatria. A falta de uma liderança espiritualmente madura e temente a Deus causa prejuízos incalculáveis ao povo. No Reino de Deus, não basta ter carisma para liderar; é preciso ter caráter aprovado (1Tm 3.2-13; 2Tm 2.15; Tt 2.7,8).

3. Opressão, clamor e livramento. A apostasia tornou Israel presa fácil de seus inimigos, que atacavam e saqueavam suas cidades e terras, e mantinham o povo sob domínio opressor por longos períodos (Jz 3.7-9,12-14; 4.1-3; 6.1-6). Afligida, a nação clamava a Deus, e o Senhor levantava juízes para libertar o seu povo. Esses juízes (heb. shophetim) não eram magistrados civis, como os que conhecemos hoje, que julgam em fóruns e tribunais. Eram libertadores – geralmente líderes militares, como Otniel, Baraque e Gideão (Jz 3.9-11; 4.10-15; 7.16-25) poderosamente usados por Deus para “julgar” a causa de Israel, livrando-o de seus opressores. Apesar dos repetidos ciclos de infidelidade da nação, Deus ouvia o gemido do seu povo em seus momentos de dor e aflição (Jz 2.18). O Senhor é longânimo e cheio de misericórdia (Sl 103.8; Jl 2.13; Rm 2.4; Lm 3.22). Ele ouve os que a Ele clamam (Jr 29.12,13; Is 55.6).


SINOPSE II

Os fatos narrados em Rute têm como contexto maior os dias dos juízes, caracterizados pela frase: “cada um fazia o que bem queria”.


III. PROPÓSITO E MENSAGEM

1. O cetro de Judá. Vários propósitos são atribuídos ao Livro de Rute. O principal e mais evidente deles é apresentar Davi como descendente de Judá, a tribo real da qual viria o Messias, “o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi” (Ap 5.5; cf. Rt 4.18-22). Gênesis 49.10 diz: “O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos”. Embora Rúben fosse o primogênito de Jacó, seu ato de desonra ao leito do pai, deitando-se com sua concubina, fez com que perdesse a primogenitura — a posição de liderança (Gn 35.22; 49.4). A promessa feita a Abraão seguia, agora, pela descendência de Judá. Sendo Samuel o autor do livro de Rute, o propósito de registrar a genealogia de Davi ganha ainda mais sentido, já que naquele tempo o rei de Israel era Saul, um benjamita (1Sm 9.1,2; 25.1). A ancestralidade de Davi o legitimava para o trono.

2. Amor e redenção. A mensagem principal de Rute é o amor de Deus e seu plano de redenção da humanidade. Como representantes de judeus e gentios, respectivamente, Boaz e Rute prenunciam a derrubada da parede de separação (Ef 2.11-16). A redenção é vista, no livro, nos sentidos literal e tipológico. Boaz é o parente remidor que preservou a descendência de Elimeleque, mas é, também, um tipo de Cristo, nosso Redentor (Is 59.20; Lc 1.68; Ef 1.7; Tt 2.14).

3. Fidelidade e altruísmo. O livro de Rute abre uma janela que nos permite ver que nem tudo eram trevas nos dias dos juízes. Havia um remanescente fiel, que temia a Deus e foi usado por Ele para cumprir seus propósitos (Jó 42.2). Em um mundo de crescente iniquidade, o justo vive pela fé (Hc 2.4; cf. Mt 24.12,13). Outra eloquente mensagem do livro é o valor do altruísmo em que predominava o egoísmo. Nos dias dos juízes, a maioria vivia segundo os seus próprios padrões e interesses (Jz 21.25). Noemi e Rute destoaram dessa máxima individualista. Sogra e nora não pensavam em si mesmas. O amor não é egoísta (1Co 13.5).


SINOPSE III

O Cetro de Judá, o Amor, a redenção, a fidelidade e o altruísmo são temas que se destacam ao longo do livro.


AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO

“COMPROMISSO COM A ALIANÇA

Deus demonstrou sua lealdade à aliança ao derramar sua benevolência (heb. chesed, uma palavra que engloba amor, gentileza, benevolência, misericórdia, graça, lealdade e fidelidade; veja 1.8; 2.20; 3.10) não só para com Noemi de Belém, mas também para com Rute, a moabita. Boaz também demonstrou lealdade à aliança em sua disposição de ser o parente remidor de Rute e Noemi. O ‘concerto’, ou aliança, embora não seja mencionado no livro, está subjacente a tudo, começando com o compromisso de Rute com o Deus de Noemi (1.16,17). A lealdade amorosa, o serviço fiel e o espírito obediente de Rute são fundamentais para o compromisso. Todavia, ainda mais importante é o fato de que Javé — Deus, sempre fiel, jamais se esquece das promessas feitas a Israel” (Patterson, D. K., KELLEY, R. H. Comentário Bíblico da Mulher — Antigo Testamento. Volume I. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p.472).


CONCLUSÃO

O livro de Rute nos ensina que, a despeito da incredulidade e dos pecados do homem, Deus sempre trabalha para cumprir os seus desígnios. Sem violar o princípio do livre-arbítrio humano, o Todo-Poderoso conduz a história e executa seu plano eterno de redenção. O livro também nos mostra como a fidelidade de Deus se aplica às circunstâncias comuns da vida. Em tudo Ele é fiel (Is 64.4).


REVISANDO O CONTEÚDO

1. Como o livro de Rute é classificado na Bíblia Hebraica?

O Livro de Rute pertence à terceira divisão ou seção da Tanakh, a Bíblia Hebraica: Ketuvim ou Hagiógrafos (Escritos).

2. Como e por que o livro é categorizado na Bíblia Cristã?

Rute está categorizado como um livro histórico, por seu evidente gênero narrativo.

3. Que evidências apontam para a autoria de Samuel?

O Talmude, obra milenar de regulamentos e tradições judaicas, atribui a ele a autoria. A forma como o autor se refere a Jessé e Davi parece indicar contemporaneidade e familiaridade com os personagens, o que também aponta para Samuel (Rt 4.17).

4. Qual o contexto histórico de Rute?

O tempo dos juízes.

5. Qual a principal mensagem do livro?

Vários propósitos são atribuídos ao Livro de Rute. O principal e mais evidente deles é apresentar Davi como descendente de Judá, a tribo real da qual viria o Messias, “o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi” (Ap 5.5; cf. Rt 4.18-22).


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